HISTÓRIAS DAS MINIPORTAS

Conto #34 Uma fada
Mateus Calmon

Colégio Integral de Curitiba - Paraná (2023)

*Este conto foi criado em um projeto realizado no Colégio Integral sob a coordenação da profa. Vanessa, inspirado nas MiniPortas de Maringá, e gentilmente cedido para publicação neste site.

Aninha era uma fada azul com asas rosas. Ela morava no meio da cidade grande, acredite se quiser. Ela morava, mais especificamente, em meio das paredes de um restaurante de comida italiana. Ela morava lá desde que se lembra de que o mundo não tem mais magia. Aquela estrutura está lá há muito tempo e já foi diversas coisas além de restaurantes, só que Aninha nunca tinha saído de casa para ver. Apesar de morar no meio das paredes, ela conseguia sair a hora que quisesse, pois existia uma porta rosa que dava na frente de um beco, ao lado do restaurante, só que ela tinha muito medo de sair. Ela não precisava se preocupar com muitas coisas, até porque qualquer problema que aparecesse para ela, bastava usar a varinha mágica que já desaparecia.

  Aninha sempre foi uma criança muito alegre e quase nunca estava triste, e quando estava triste, tinha seu amigo de estimação para anima-la sempre que precisasse, o Pedro. Pedro era um unicórnio filhote, apesar de ter uns mil anos. Ao contrário do que muitos pensam, unicórnios filhotes não são como pôneis, eles são pequenos, menores que camundongos, mas maiores do que a Aninha. Pedro não falava, claro, e nem tinha um chifre para se defender, mas ele estava sempre disposto a proteger sua companheira para o que desse e viesse.

   Num dia nublado, uma pomba começou a bicar a porta rosa com muita força. E não era a primeira vez que animais não mágicos como pombas vão incomodar os dois. Como de costume, Pedro foi resolver o problema sozinho enquanto Aninha ficava assistindo tudo em um lugar seguro. O filhote de unicórnio abriu a porta e colocou só a cabeça para fora, para espiar sem ser percebido por humanos. Então, olhou para os dois lados e não viu nada. Porém, antes que ele pudesse perceber, três pombos foram para cima dele, tentando arrasta-lo para fora da casa. Logo, um dos pombos disse: - “foi você mesmo, você que deu um coice na minha amiga ratazana esses dias? Ela só queria as sobras da sua comida”. O silêncio de Pedro irritava cada vez mais os pombos, que estavam quase levando-o para o céu.

-“Parem! Ele não fala! Vocês têm que nos deixar em paz, por favor, não queremos fazer mal a ninguém, só queremos sobreviver” gritou Aninha, que tinha ido socorrer o amigo. Eles começaram a discutir cada vez mais alto, até que um dos pombos avançou para perto de Aninha, o que fez Pedro enfurecer-se e dar um coice no pombo.

- “Vocês não sabem como é difícil viver aqui fora, não é fácil para ninguém, muito menos para os humanos desprivilegiados. E vocês dois ficam aí dentro desfrutando do resto da magia de vocês, ignorando todos os problemas do mundo” disse o pombo após ser atacado

- “Eu não entendo de magia, mas sei que mesmo os humanos que têm amor no coração ajudam com o que podem. Claro que têm aqueles que podem ajudar muito ou pouco, mas fazem como vocês, ignoram o problema da sociedade. Vocês deviam ter vergonha”.

   Ao ouvir todo aquele discurso do pombo ela percebeu que a magia não era nada além do amor. A magia não se resumia no que ela perdeu há anos atrás. Magia era bem mais do que a varinha podia dar para ela, magia era amor. Amor aquele que ela tinha de sobra. Então, a fadinha usou o resto de poder que ela tinha para criar um lindo portal colorido. Através deste portal havia um jardim com flores, árvores, riachos, animais e coisas do tipo. Dentro desse jardim havia muito amor, amor de sobra. Aquele amor todo era o suficiente para salvar o nosso mundo. Então, o Pombo e Aninha entraram lá e, ao pisar na grama, acabaram liberando amor por todo o mundo. Quem diria que uma miniporta abriria tantas possibilidades. Desde então nós temos nos aperfeiçoado ao máximo que dá.