HISTÓRIAS DAS MINIPORTAS

Conto #18 Mini porta
Bianca Peruzzi

Colégio Integral de Curitiba - Paraná (2023)

*Este conto foi criado em um projeto realizado no Colégio Integral sob a coordenação da profa. Vanessa, inspirado nas MiniPortas de Maringá, e gentilmente cedido para publicação neste site.

“Há algum tempo, meu vô por parte de pai faleceu. Eu apenas o vi uma vez, quando eu tinha 1 ano. Não me lembro muito bem dele, a única coisa que me lembro é que ele e a minha avó moravam em uma fazenda. Meu pai me contou que eu fui lá, quando eu era um bebê de quatro meses, tinha até uma foto com meus irmãos: Lucas o mais velho, e o mais novo, Lucas se lembra de nosso vô um pouco mais do que eu, já que somente tinha 4 anos. Ele me disse que o vovô sempre dava chocolate para ele quando ia para sua casa e sempre fazia piadas de “tiozão”, nos deliciosos almoços da vovó. Ela morreu algum tempo depois e meu vô foi mandado para um asilo, onde era constantemente visitado por seus três filhos”. Disse Elena

  “Na nossa seção anterior você comentou algo sobre sua mãe estar doente nessa época não foi?

“A sim, tinha me esquecido desse detalhe, na época ela já estava mal... dois anos depois desse ocorrido, ela faleceu”.

“Sinto muito”.

“Eu também”.

  O avô tinha deixado sua fazenda para o pai da garota. A família já planejava mudar de casa, então, decidiram migrar para lá. Esse fato aconteceu quando Elena tinha 11 anos, foi uma viagem longa e cansativa. Quando chegaram lá, a fazenda estava vazia, a casa estava com uma boa aparência, não parecia uma casa onde dois idosos viviam. Os quartos ficavam no andar de cima. Ao subir com as caixas para o quarto, ela reparou em uma coisa diferente: havia uma mini porta com uma aparência muito diferente de toda a casa. Era uma pequena porta velha de madeira que estava selada com cimento nas suas frestas. A menina foi direto perguntar, com uma imensa curiosidade, para seu pai o porquê daquela porta estar selada daquele jeito e o pai respondeu: "ora minha querida, meu pai sempre me falava que havia uma fada morando naquela porta". "Desejo? Fada? '' a menina pergunta, ''Sim, meu pai me dizia que se você sentar perto da porta e bater 3 vezes, o ser místico iria realizar um desejo seu, mas você nunca deverá bater 10 vezes na porta, nunca!'' Acrescentou seu pai a última frase com um tom sério. A menina estava ficando com cada vez mais curiosidade sobre a mini porta, “por que, papai”?

E o pai abaixando-se a encara: “Porque, se não a senhora fada iria ficar brava, e iria puxa-la para a sua toca”. A menina ficou ainda mais curiosa, mas desistiu de perguntar para seu pai, e seus irmãos estavam ouvindo todo esse diálogo.

 

  Após uma semana, a família já tinha terminado de arrumar a casa. Estava um dia lindo, ensolarado dava até para sentir o cheiro da grama e ouvir os pássaros cantando belamente. Nesse dia, os irmãos estavam no campo apenas apreciando esse momento, até que Lucas lembrou os seus irmãos sobre aquela porta e teve uma brilhante ideia: de “desafiar” essa tal fada. Os três acabaram concordando, afinal eram apenas crianças curiosas. O trio foi até essa mini porta, a menina foi a primeira - já que a garota era a mais curiosa deles – se ajoelhou, bateu três vezes e fez o seu desejo:

  ‘‘Eu desejo que a mamãe melhore logo’’ (na época a mãe ficou muito doente... foi difícil a sua partida), ao dizer isso seus irmãos a olharam como se ela fosse inocente demais, e realmente Elena era. Logo depois, foi seu irmão do meio, George, quem repetiu seus movimentos, desejando que a menina que ele gostava o notasse.

  Lucas riu e disse com um sorriso de superior ‘‘vocês são covardes demais’’. George o retrucou:

- ‘‘O que você quer dizer”?

- ‘‘É porque nem um de vocês bateu dez vezes’’. ‘‘Não tem necessidade e porque faríamos isso”? Elena retrucou.

 ‘‘Eu não disse que o desafio era DESAFIAR a fada? Então, vai ser isso que pelo menos eu vou fazer, já que vocês não têm coragem’’. Lucas sempre teve orgulho de ser o mais velho de todos. E assim foi feito: o garoto se ajoelhou na porta, mas bateu dez vezes, com vontade.

‘‘Mostre-me seu rosto fada”! Desafiou com um tom ameaçador e superior, para a fada. Elena disse para o seu irmão mais velho: “Lucas pare! A fada vai ficar brava e vai te puxar para o escuro”!

“Então que me puxe”! As duas crianças estavam apenas com medo já que eles acreditavam muito em seu pai. Passou um bom tempo até que Lucas disse ‘‘Viu aqueles velhos mentiram para a Elena, provavelmente porque o vovô disse para o papai que nunca que nunca abrisse PEQUENA porta e inventou toda essa ladainha, até que as fadas não existem, vamos”? Disse Lucas um pouco decepcionado com isso.

Até que se ouviu um barulho atrás de Lucas.

‘‘Lucas”? A garota disse ao ver lentamente a porta se abrindo, onde nem mesmo o reboco da porta a impediu de se abrir, atrás da porta surgiram duas mãos negras com garras que pareciam nevoas. Essas mãos agarram imediatamente o pé de Lucas, puxando-o com tudo para dentro do lugar. Foi tão rápido que ninguém conseguiu ver direito, a garota apenas consegui falar o nome de seu irmão..., mas era tarde demais o ser monstruoso já tinha puxando-o para a toca, os irmãos ficaram desesperados ao mesmo tempo não entendiam nada, por mais que os dois gritassem seu nome desesperadamente...Como disse já era tarde demais, Lucas nunca mais vai voltar.