HISTÓRIAS DAS MINIPORTAS

Conto #13 Mini-portas
Gustavo Lorenzetti

Colégio Integral de Curitiba - Paraná (2023)

*Este conto foi criado em um projeto realizado no Colégio Integral sob a coordenação da profa. Vanessa, inspirado nas MiniPortas de Maringá, e gentilmente cedido para publicação neste site.

A porta se lembrava dos tempos antigos. Tudo era tão diferente! Pessoas passavam na rua, entravam e saíam pela porta. Muitas conversavam alegremente, ou mesmo que não fosse o caso, ao menos tinham discussões sinceras, olho-a-olho. Até que um dia, tudo mudou. Não se via mais tantas pessoas na rua, não se via mais nenhum sorriso, ninguém mais conversava ou sequer se aproximava.

  Algumas pessoas sempre tinham de trabalhar. Cheias de máscaras, luvas, álcool e gel - era notável a preocupação e ansiedade em seus olhares.

  Era rara a passagem pela porta, a qual se sentia solitária e ansiosa para quando tudo isso passasse. Mas meses se passavam e não parecia haver uma perspectiva de melhora para a situação, como se tudo fosse continuar daquele jeito para sempre, mesmo que a esperança do fim daquele momento nunca morresse.

  Enquanto isso, podia-se ver que algumas outras portas eram muito mais usadas. Pessoas entravam e saiam constantemente, como se não afetadas pela situação. Sem máscaras, sem luvas, como se rindo daqueles que o usavam, em um olhar preocupado. Mas quanto mais pessoas saiam, mais a sensação ficava pior, maior preocupação se via no rosto daqueles que todos os dias trabalhavam para poupar os demais daquilo - mesmo que os outros pouco gratos parecessem.

  A porta se desanimava ao ver que outras portas estavam sendo usadas, enquanto ela apenas esperava as coisas voltarem a um normal. Era como se as outras portas sendo usadas tornassem tudo ainda muito mais maçante, como se as pessoas saindo a toda hora tornasse aquilo mais demorado.

 A porta sentia muita falta de ser aberta, mas há meses estava fechada. Porém, não havia muito o que fazer... bastava esperar, fazer sua parte, ficar com a porta fechada até chegar o momento para abri-la plenamente. Esperar que tudo voltasse a uma normalidade, mesmo que impossível.