HISTÓRIAS DAS MINIPORTAS

Conto #40 Miniporta 1
Theodoro Balbino

Colégio Integral de Curitiba - Paraná (2023)

*Este conto foi criado em um projeto realizado no Colégio Integral sob a coordenação da profa. Vanessa, inspirado nas MiniPortas de Maringá, e gentilmente cedido para publicação neste site.

Era um dia nublado em São Paulo, mas estava calor naquele dia, mesmo estando nublado. Em um apartamento grande no centro da cidade um velhinho estava sentado no sofá do apartamento, de repente uma mulher chega no cômodo.

- Pai… não fique assim… por que você está assim, triste? - disse ela.

- É que… é que… é que eu não queria me mudar deste apartamento, principalmente desse jeito, com aquele empresário, que já era rico, tirando a minha casa de mim, e eu ainda devo dinheiro a ele…

Eu sei que é uma injustiça, mas nós não podemos fazer mais nada.

O velhinho lembrou de todos os momentos que ele viveu naquele apartamento, os bons e maus momentos. Ele começou a chorar e a filha o abraçou.

Os dois pegaram as últimas malas e foram em direção a porta.

- Pode ir na frente. - disse o velhinho. - Eu vou pegar aquela portinha que eu tenho no meu escritório.

- Portinha? Como assim? Para que pegar a portinha?

Eu vou pegar a portinha e tirar deste apartamento, porque a porta é muito importante para mim.

- Mas por que pai? O que aquela porta tem de mais?

O pai começou a ficar nervoso e tentou desviar do assunto.

- Vamos filha, já está ficando tarde, a gente não quer pegar trânsito né? – disse o pai de forma irônica. - A sua mãe deve estar esperando por você lá no carro.

- Não, eu não vou sair até você me explicar.

O pai foi pegar a miniporta e depois saiu do apartamento e foi até o carro na frente do prédio. Quando o carro já estava na metade do trajeto para a nova casa a filha voltou a tocar no assunto sobre a miniporta.

- Pai, você ainda não explicou o que essa portinha tem de especial, o que tem de mais essa porta? O que ela faz?

- Que porta? - Disse a mãe, pela primeira vez.

- Ann… - Disse o pai nervoso. - Porta nenhuma, é tudo imaginação da nossa filha.

O pai pegou aquela portinha que ele tinha no escritório.

A mãe começou a ficar nervosa também e a filha foi pega de surpresa, pois achava que a mãe não tinha nada a ver com isso.

 

- ALGUÉM PODE ME DIZER O QUE ESTÁ ACONTECENDO???? - Gritou a filha.

Err… então filha… - Disse o pai. - Você não é quem você pensa ser, na verdade nem nossa filha você é…

- O QUE??? - Disse ela.

- É verdade… - Concordou a mãe. - Quando a gente chegar na nova casa a gente te explica direito essa história.

- Hmm… Tá bom. Vamos ver qual vai ser a desculpa de vocês dessa vez.

O trajeto para a nova casa foi percorrido em silêncio, com um clima tenso no ar. A filha que sempre aproveitava trajetos percorridos de carro para olhar para fora e apreciar a natureza e sua beleza, dessa vez não aproveitou a viagem. Ela estava pensativa e tensa, ela imaginava todas as possibilidades sobre o nascimento dela. Ela pensou até em ter vindo ao mundo pela tia, mas logo depois descartou essa possibilidade pois a tia morreu antes de ela nascer.

Quando eles chegaram na casa nova o clima ficou mais pesado ainda, pois a filha queria saber o que os pais iriam falar para ela, e os pais tentavam se distanciar do assunto.

- Olhe só como a casa é linda, filha! Bem espaçosa também. - Disse a mãe.

- Olhem, eu não quero ser grossa, mas eu quero ouvir vocês falar agora.

- Tudo bem filha, a gente falará. - Disse o pai. - Tudo começou a uns 21 anos, eu ainda trabalhava como pescador no mar. Um dia eu joguei a rede do mar, e a rede voltou com uma portinha toda suja, feia, quebrada… Então eu levei pra casa, e comecei a arrumar. Eu conheci sua mãe em um restaurante umas duas semanas depois. Eu não tinha terminado de arrumar a porta, e sua mãe se ofereceu para me ajudar. Algumas semanas depois a gente terminou, a porta estava linda. De repente a porta começou a fazer um barulho estranho, e se abriu sozinha. Eu e sua mãe não nos assustamos com a porta se abrindo, e sim com a voz que saiu de lá de dentro. Era uma voz fininha dizendo:

Ousado aventureiro, decida de uma vez:

- Entre por essa porta meio rudimentar. E aguarde perigo. Ou acabe louco de tanto pensar:

-“Se eu tivesse entrado, o que teria acontecido”?

- É. - Disse a mãe. - A gente entrou e encontramos um mundo quente, com o ar abafado, só conseguimos ver uma fadinha voando por aí com um bebê em um pedaço de pano, como se fosse uma cegonha. Ela largou a bebê com a gente e disse que precisava que a gente cuidasse de você e que um dia ela vinha buscar você com a gente, por isso seu pai se preocupa tanto com essa porta.

- Vocês realmente acham que eu vou acreditar nessa baboseira? - Disse a filha. - Por que eu acreditaria? Isso é tudo impossível.

- Não, isso não é impossível, tanto que você está aqui com a gente.

- Parem de tentar me fazer acreditar nessas mentiras, eu não vou acreditar nisso. Disse a filha.

Num instante a porta começou a fazer o mesmo barulho que fez 21 anos atrás, mas, o pai e a filha não ouviram, pois, estavam ocupados demais discutindo. A mãe percebeu e ficou em choque, pois ela não acreditava no que ela estava ouvindo.

- Silêncio… - Disse ela. Mas os dois não ouviram, então a mãe precisou falar mais alto. - Silêncio… - Disse a mãe em um tom mais alto, mas não funcionou de novo, então ela falou mais alto ainda. - SILÊNCIO!!!! - Gritou a mãe.

Nesse momento o pai e a filha pararam de discutir e perceberam o barulho vindo da porta. Os três ficaram perplexos olhando para a porta. A porta começou a se mexer muito e de repente (como da primeira vez) se abriu sozinha, e de dentro saiu a fada que trouxe a garota aos pais adotivos. A fada chegou com uma cara que mostrou aos pais que a fada faria de tudo para pegar a garota de volta, faria realmente tudo, até mataria se fosse necessário.

- Eu vim pegar o que é meu!! - Disse a fada.


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